Michel Melamed - Regurgitofagia 2

Autoretrato

FOME

Socorro querem me comer!!
Estou sozinha,solteira, e todos que me aparecem querem me comer.
Não sei qual é meu sabor.
Se é de desejo ou de amor.
Essa fome as vezes me da medo.


Socorro querem me devorar!!
Me descrevem de forma tão vulgar.
Como se eu fosse de fato um jantar.
(Se é que pelomenos me levem para jantar)
Como se meu corpo de alguma forma fosse mesmo alimentar.
Meu sabor não é só de tesão.
Tenho os pés firmes no chão.
Tenho amor no coração.
Desse jeito não.


Socorro querem me degustar!!!
Boca na boca, sim.
Boca na quilo, não da.
Dedos e pernas querem provar.
De partes do meu corpo fazer uma feijoada.
Pedaços de mim numa panelada.

Mulher quando quer Dar

Se toca constantemente,nas mãos é bunda,peito sem leite.
Tem olhar de menina com dedo na boca,quer morder chupar,ficar louca.
Os seios inrrugam, a pele arrepia,as pernas se cruzam para disfarçar o tesão
que sentia.
Usa decote, se perfuma,joga os cabelos,usa saia curta..

Mulher quando quer dar não tem medo de ser vulgar.
Ataca se for preciso, e se for preciso nem vai atacar.
O corpo vira borracha,se empina,estica,se curva,se destaca, e se quiser
nem atenção precisa chamar.

Mulher quando quer dar diz: Quero dar!
Sem pudor e sem vergonha de se questionar.
Rebola remexe,manda beijos cheios de desejos.
Diz que ama sem amar.
Diz que pega se vacilar.
E se não é correspondida,logo acha a saída para outro encontrar.

Mulher quando quer dar,alem de se satisfazer,satisfaz.
E quando quer parar não a quem force a barra.
Por que se a saia é longa, a barra ela mesma faz.

O que fazer em dia de chuva?

Hoje chove muito forte la fora.
Não quero lavar louça,limpar o chão muito menos cozinhar.

Eu só quero, ver a chuva molhar..
As minha plantas,a janela,a sala de estar..

Não vou arrumar 0s cabelos,
nem no espelho vou me olhar,
Hoje eu não estou para a vaidade...

Eu só quero ver a chuva molhar...
A calçada,o portão,minha porta,meu coração...

Chove muito la fora, e eu não vou te ligar..
Ouvir sua voz gostosa,lembrar do seu corpo quente,relaxar ao gozar..

Eu só quero ouvir os raios,o vento, sentir a chuva me molhar..

Chove muito la fora..
E tudo que me vem a mente é escrever..
Sobre a vida,sobre o tempo,sobre eu e você.

Ela não sabe dançar

Meu sonho era dançar com você.
Sentir de perto o seu cheiro,o movimento do seu corpo no meu.
Colar o meu rosto no seu ,ouvir devagar a sua respiração no pé do ouvido.
E como leve pluma flutuar com você.

Maravilhosamente esse sonho se realizou.
Mas como todo sonho que se realiza não é igual em todos os detalhes, te chamei para dançar.
E por incrível que pareça você aceitou.
Desastrosamente, sim ouso até repetir desastrosamente,fomos dançar.
Nem o corpo encostamos. Ela tinha os pés meio atrapalhados,pisava nos meus.
Sem graça repetia varias vezes: Não sei dançar!
E eu,só observava,atento aos seus olhos, seu sorriso sem graça os seus pés atrapalhados.


Eu não ligava se ela sabia dançar ou não.
Só queria estar ali,com ela.
até que ela injuriada que já estava por não saber dançar,desistiu.
E meu sonho acabou,comigo enrolado nos lençóis lembrando e rindo como criança.

Na calçada com a lua!

A lua acalmou meu coração,trazendo meu amor que beijou a minha mão..
Montado em seu cavalo de ferro e duas rodas,na noite ele apareceu sem demora.
Acalmando meu peito que ali batia a sua espera.

Esperei. Eu e a lua.
Sentadas na calçada,na beira da estrada.
Sentada na calçada olhando a rua.
Pensava: Ele não vem.
Fiquei triste.
Sozinha.
Sem ninguém.

Até o momento que pedia a lua: Vem!
E como o brilho da própria vi o farol de seu cavalo me iluminar.
E ali.
Parada.
Assustada.
Sem falar.

Dei a volta, e a ele entreguei minha mão para beijar.

Eu, acredito em almas gemeas.
Acredito que 1+1 não são 2, mas sim 1.
Que as almas tem um caminho predestinado ao encontro de outras almas.
E que o universo se transforma,sofre uma mutação,quando duas almas se encontram.
Igualando essas duas,juntando-as e as tornando uma só,um só corpo,uma só alma,uma só vida.

Compactuando com o universo,trazendo momentos tensos,alegrias,emoções.
Tudo torna-se profundo.
Tato,olfato,paladar,audição e visão.
Tudo fica mais lento ou rápido demais.
Uma hora o tempo parece parar,outra corre até demais.

Medo e coragem se misturam,e se transforma num outro sentimento que a gente não sabe distinguir.
Esse sentimento estranho se torna uma droga viciante,do qual a gente não quer largar nunca mais.

Varias situações acontecem ao mesmo tempo,
até a hora em que tudo silencia.
A hora do gozo praserozo,quando olhamos para o této,e respiramos fundo.


Nada absolutamente nada vem a mente.
Você não ouve nada,não ve nada,não sente nenhum sabor,nenhum cheiro.
Você apenas congela por segundos,
Que se tornão os segundos mais longos de toda a sua vida

E então você começa a escrever uma nova pagina,de duas vidas em uma,
de dois corpos em um.
Só com começo e meio.
Por que você nunca vai querer o fim de tudo isso.

voltei com a minha sede de escrever poesias

tinha largado d lado,

desanimado,

mas agora voltei.

Nossa havia esquecido de como isso me faz bem

limpa a minha mente e alimenta meu espírito.

Voltei a enxergar o mundo de forma maravilhosa.
consigo ouvir a natureza cantar nas manhãs de sol,e nas tardes quentes.
Nas noites frias os meus pensamentos, voam junto ao vento gelado que me traz as gotas finas da garoa.


Voltei.
Voltei e junto trago aminha sede de escrever.
De me alimentar de sonhos e filosofias da vida, não só minha.
Mas do mundo.